Alemanha | 12min | 35 mm |cor
Roteiro, produção, som e direção: Werner Herzog
Montagem: Beate Mainka-Jellinghaus
Fotografia: Dieter Lohmann e Jörg Schmidt-Reitwein
Elenco (em ordem de aparição): Petar Radenkovic, Mario Adorf, Hans Tiedemann, Herbert Hisel e Peter Schamoni
Roteiro, produção, som e direção: Werner Herzog
Montagem: Beate Mainka-Jellinghaus
Fotografia: Dieter Lohmann e Jörg Schmidt-Reitwein
Elenco (em ordem de aparição): Petar Radenkovic, Mario Adorf, Hans Tiedemann, Herbert Hisel e Peter Schamoni
Feito de improviso, com filmes fora do prazo de validade (e que haviam sido expostos ao calor extremo da África) que Herzog pediu a Kodak (sabe-se lá por quê), este curta (cujo título significa “Precauções Contra Fanáticos”, em alemão), primeiro filme colorido do diretor, é descrito em seu site oficial como uma “elaborada pegadinha diante das câmeras” ¹. Diz Herzog: “Basicamente fiz esse filme sem saber se um dia eu iria chegar ao final com alguma coisa, então foi uma aposta” ².
Aparentemente uma paródia dos documentários ‘behind-the-scenes’, o filme, que se passa numa espécie de jóquei-clube, mostra uns caras meio malucos junto dos cavalos de corrida, falando que precisam proteger os animais dos fãs/fanáticos do esporte. Todos se apresentam como tratadores, mas não há como saber se eles são profissionais mesmo, ou atores, ou apenas fugitivos de um hospício.
Todos eles têm falas
e atitudes nonsense, como dizer que passeia 36h seguidas com o cavalo
em volta de uma árvore – demonstrando isso por uns instantes. Outro abre a
camisa e mostra o peito (?) como prova de honestidade (“Você já viu alguém desonesto com um peito como este?”).
Dando voltas com o cavalo em torno da árvore... por 36h. |
E em todas acenas, aparece um velho ranzinza (também não sabemos de onde ele sai) expulsando os homens após no meio de suas falas, dizendo que não podem ficar ali, e que ele é o único apto a proteger os cavalos.
Três características herzogianas são facilmente identificáveis nesse curta: o nonsense; a loucura/obsessão de seus personagens; a linguagem repetitiva simbolizando as impossibilidades de comunicação. Todas interligadas, especialmente as duas últimas.
Esse comportamento dos fanáticos que tentam proteger os animais de outras pessoas, quando deviam protegê-los deles mesmos (os tais fanáticos jamais aparecem), tem muito a ver com Grizzly Man (O Homem-Urso, de 2005), como aponta o estudioso de cinema alemão John E. Davidson, daThe Ohio State University ³. “Ambos os filmes lidam com o quão a comunicação não ocorre necessariamente entre o eu e o outros, e como seu fracasso serve para destacar que estamos isolados uns dos outros.” 4
O velho mal-humorado e seu isolamento na linguagem. |
Mesmo com esses possíveis subtextos, foi o filme da maratona de que menos gostei até agora, e empata com Cobra Verde (1987) como pior ("menos melhor") Herzog que já vi. O próprio diretor alerta: “Algo que gostaria de salientar é que ele tem um humor muito estranho, embora não possa ser imediatamente evidente para aqueles que não entendem o alemão” 5. Pois fiquei com má impressão do humor germânico.
Recomendo só para fanáticos (ops!) pelo diretor, e olhe lá.
Recomendo só para fanáticos (ops!) pelo diretor, e olhe lá.
¹ http://www.wernerherzog.com/114.html
² HERZOG, Werner. Herzog On Herzog, de Paul Cronin. Faber & Faber, 2001.
³ DAVIDSON, John E. In: A Companion To Werner Herzog, de Brad Prager. Wiley-Blackwell, 2012.
4 PRAGER, Brad. The Cinema of Werner Herzog: Aesthetic Ecstasy And Truth. Wallflower Press, 2007.
5 HERZOG, Werner. Herzog On Herzog, de Paul Cronin. Faber & Faber, 2001.
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